Começando um Sistema Agroflorestal.
Preparando o solo.
O primeiro passo para a implantação de um sistema agroflorestal é o preparo do solo. Um solo sadio é fundamental para o plantio de um SAF saudável.
Para manter um solo saudável é preciso deixá-lo sempre coberto por uma camada (de 3 a 5 cm) de cobertura vegetal. Isso quer dizer: folhas, galhos, troncos, cinzas, composto orgânico, etc.
Um solo saudável deve estar sempre aerado, com espaço para a passagem de água e ar entre as raízes e a superfície. Quando a água empoça ou escorre muito rápido, é sinal de um solo compactado, onde a água e o ar estão encontrando grande dificuldade.
Isso pode causar erosão do solo e prejudicar o desenvolvimento das culturas plantadas. A cobertura vegetal, nesse caso, ajuda na retenção da água e protege o solo do calor do Sol.
Para enriquecer ainda mais a terra, você pode usar compostos orgânicos (feitos com cascas de frutas, esterco bovino, etc), biofertilizantes, adubação verde, troncos de árvores, entre outros. Tudo o que for vivo trará nutrientes ao solo.
Evite, no entanto, restos de alimentos cozidos ou carnes pois isto atrairá decompositores e animais que não são bem vindos.
Compostagem.
A terra, como qualquer outro organismo, precisa comer para se tornar forte e saudável. O solo precisa ser constantemente alimentado pela água, pelo ar, pela luz do sol e por diferentes tipos de matérias em decomposição.
Essas matérias podem ser tanto animais, quanto vegetais ou minerais. O que quer dizer que podem ser incorporados ao solo diferentes elementos como pedras, galhos, folhas secas, esterco de bovinos e eqüinos, areia do fundo do rio, cascas, vegetais e tudo que puder trazer a ele diferentes tipos de nutrientes.
A compostagem é um biofertilizante caseiro que pode ser produzido sem muitos custos. Ele serve para transformar matéria orgânica morta em nutrientes para terra.
Para criar um bom composto você deve:
- Separe um lugar a uma distância razoável da cozinha e cubra o solo com matéria orgânica seca.
- Acrescente uma camada de matéria orgânica úmida. Repita essa operação sempre alternando uma camada de matéria orgânica seca e outra úmida.
- Faça isso até que a compostagem atinja cerca de 1,5 metros de altura.
- Regue sempre que necessário, mas sem encharcar. O composto também não deve ficar muito seco. É importante que ele mantenha a umidade. Quanto maior for a temperatura dentro do composto, maior será a velocidade da decomposição dos nutrientes.
A matéria orgânica seca pode ser: folhas, galhos, troncos de árvores, capim, palha de milho, papelão, terra, serragem.
A matéria orgânica úmida pode ser: restos e cascas de alimentos da cozinha, esterco bovino, xixi da vaca, folhas de bananeiras, cascas de ovos.
Deixe o composto descansar por cerca de 60 a 90 dias, revirando-o semanalmente. Isso mantém o composto bem arejado e evita que pragas apareçam. Evite a compactação do composto não pisando ou colocando coisas pesadas sobre ele. Mantenha sempre a alternância entre a matéria orgânica seca e úmida. Ambas são importantes na liberação dos nutrientes e para aeração do composto.
Quando seu composto estiver uniforme, parecendo um grande montanha de terra preta (húmus), ele estará pronto para ser usado. Despeje ele sobre os canteiros. As plantas vão adorar!
Adubação Verde.
A técnica da adubação verde é muito utilizada em sistemas agroecológicos e substitui de maneira eficiente muitos dos adubos sintéticos produzidos em laboratório.
A adubação verde, uma espécie de compostagem viva, que é o cultivo de plantas “adubadeiras” junto a outras plantas que somente retiram energia do solo. Algumas espécies retiram mais nutrientes do solo do que outras. É preciso estar atento a isso e devolver ao solo um pouco da energia que ele nos dá. Como? Inserindo plantas “adubadeiras” antes ou mesmo durante o plantio de outras espécies.
Ao serem podadas, elas liberam nutrientes no solo, enriquecendo-o. Além disso, formam uma importante cobertura vegetal, ajudando a manter a umidade do solo. As plantas adubadeiras deverão então ser podadas antes que gerem frutos e sementes.
Na adubação verde aplicamos várias leguminosas como: crotalárias (Crotalária juncea, Crotalária paulina, Crotalária espectabilis, Crotalária gratiana), mucuna preta (Mucuna aterrima), mucuna anã (Mucuna deeringiana), feijão-guandu (Cajanus cajan), feijão-de-porco (Canavalia ensiformis), feijão-de-corda (Vigna unguiculata), tremoço (Lupinus albus, Lupinus luteus, Lupinus angustifolius), labe-labe (Dolichos lablab), entre outros. Contudo faz-se necessário que estudos tentem incorporar plantas de cultivo nativo, na tentativa de amenizar os impactos causados pelas leguminosas exóticas para determinado tipo de solo.
Não esqueça de utilizar sementes crioulas na sua agroflotesta. Para encontrá-las, procure os bancos de sementes ou os agricultores tradicionais. Toda comunidade rural possui o seu guardião das sementes.
Design Agroecológico
Por disseminar técnicas diferenciadas na agricultura, a agroecologia geralmente busca inovar também no desenho dos canteiros. É muito comum que os SAF’s busquem formas geométricas como círculos, mandalas ou mesmo desenho de bichos.
O mais importante na hora de determinar o design dos canteiros é pensar que espécies serão plantadas em cada lugar. É importante que as plantas formem uma parceria, possibilitando a distribuição equânime de água, sombra e luz.
Também é importante conciliar a implantação de plantas companheiras, que troquem benefícios entre si. Plantas podem beneficiar suas companheiras de várias maneiras: repelindo insetos danosos e atraindo insetos benéficos que se alimentem de pragas, criando sombras, servindo como suporte para trepadeiras, atuando como quebra-vento ou cobertura vegetal, etc.
Tenha em mente que algumas plantas vão ficar maiores e outras vão demorar mais para crescer, organize sua horta de maneira que uma não atrapalhe a outra mantendo a sincronicidade de luz.
Ao fazer os canteiros procure manter o nivelamento. Nunca plante em terrenos inclinados. Faça o terraceamento, se necessário, acompanhando as curvas de nível do terreno.
Ao fazer canteiros altos você possibilita que a água se acumule entre os canteiros. Aproveite este espaço para inserir plantas que requerem mais umidade. No topo dos canteiros coloque espécies que requerem um solo mais seco.
Canais de irrigação também são importantes para hidratar sua horta, possibilitando o plantio de plantas aquáticas e carregando nutrientes. Aproveite a inclinação do terreno para criar novos cursos d’água.
Controle de Pragas
Em contraste com a agricultura convencional a Agroecologia busca tratar, primariamente, o solo, e não apenas a planta, na tentativa de manter o equilíbrio ambiental. A recuperação do solo envolve a incorporação de matéria orgânica, policultivo, rotação de culturas, plantio direto, adubos verdes, cultivo consorciado, dentre outras práticas.
Um bom manejo envolve a manutenção de vegetação natural perto de áreas cultivadas, visando a diversificação e o aumento da eficiência dos agentes de controle biológico, a elevação da umidade, regulação do clima e chuvas.
Na realidade, a diversidade na agricultura não somente é essencial para a supressão dos parasitas, como é também crucial para satisfazer as necessidades dos agricultores, através de colheitas mais estáveis, com qualidade e sem agrotóxicos.
Plantas – Identificação de espécies
Amora
Indicação: dores de cólica menstrual, insônia, desconforto da TPM, glicose e hipertensão.
Parte utilizada: as folhas; utilizar 20g para cada 500ml.
Urucum
Indicação: crise de asma, cólicas menstruais, dores de cabeça, gripes e brônquite.
Parte utilizada: folhas e sementes.
Maravilha
Indicação: manchas na pele, verme, herpes, furúnculo e feridas crônicas.
Parte utilizada: folhas, sementes e galhos. Amasse até virar pasta.
Cana do Brejo
Indicação: diurético, combate infecção urinária, gonorréia e sífilis.
Parte utilizada: folha, caule e raiz; usar 100g para 2L de água.
Erva de Santa Maria
Indicação: Vermes, micoses na pele, pulgas em animais, sinusites e inflamação da garganta.
Parte utilizada: toda a planta; utilizar 30g em 500ml de água.
Hortelã Pimenta
Indicação: tosse, gripe, resfriado, infecção de útero, prisão de ventre, brônquite.
Parte utilizada: Flores e folhas; utilizar 20g para 600ml de água.
Aroeira
Indicação: hemorragia, cicatrizante de feridas, gargarejo para gengiva e garganta.
Parte utilizada: amassar a casca; utilizar 20g para 2L. Uso externo.
Erva Cidreira
Indicação: calmante, dor de cabeça e diurético.
Parte utilizada: folhas e galhos; utilizar 50g para 2L de água.
Capim Limão
Indicação: calmante e diurético.
Parte utilizada: folhas; utilizar 50g para 1L de água.
Gengibre
Indicação: garganta infeccionada, circulação sanguínea.
Parte utilizada: a batata dele.
Pitanga
Indicação: febre, diarréias, bronquites, ansiedade, dores reumáticas.
Parte utilizada: folhas e frutas (folhas 200g para 2L de água).
Rosa Branca
Indicação: infecção uterina, corrimento, também é bom para o rim.
Parte utilizada: flores; utilizar 200g para 5L de água.
Bibliografia:
– Soluções Sustentáveis. Permacultura na Agricultura Familiar.
3ª edição (2011) Lucia Legan.
-Agricultura Sustentável. (1992) Ana Primavesi.
-Neste chão tudo dá. (2008) Documentário, com Ernst Gotsch. De Felipe Pasini
As dicas para cobrir o solo e para o material necessario foram boas. Agora faltou a informacao sobre a parceria entre as plantas. Nao encontro na internet dicas de plantas nativas por exemplo da mata atlantica que crescam em conjunto. Isto é essencial para quem gostaria de iniciar pequena escala um sistema syntropico. Bjss e obrigado pelas ideias!
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Olá Maria! Existem diversos manuais e apostilas que nos auxiliam a conhecer melhor a relação que as plantas tem entre si. Vou preparar uma matéria com os principais guias e público aqui no site em breve.
Grande abraço!
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Gostei da materia simples e de facil entendimento.parabens.
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